Mensagem de Advento e Natal 2025, A.D
- dasp.comunicacao

- há 2 dias
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Brilhando por Jesus (Hinário Episcopal n.º 339)
Prezados colegas, irmãs e irmãos, que que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, Luz do mundo, brilhe em nossos corações.
Faz pouco mais de um ano que mudei de residência e passei a morar na periferia da Zona Sul de São Paulo. À noite, quando caminho pela minha rua, vejo casas simples iluminadas por pequenas luzes natalinas. São arranjos modestos. Luzes piscam nas janelas, iluminam varandas estreitas e enfeitam árvores. Pequenos arranjos iluminam portões simples.
E, cada vez que contemplo essa beleza singela, volta ao meu coração um antigo hino do nosso Hinário Episcopal:
“Brilhando, brilhando,
brilhando qual doce luz;
brilhando, brilhando,
brilhando por meu Jesus.” (Hinário Episcopal n.º 339)
Enquanto essas luzes piscam, lembro-me de que a cidade de São Paulo, sede da nossa Diocese, como tantas outras cidades do Estado de São Paulo e do Brasil, é um paradoxo: cheia de vida, sonhos e possibilidades, mas também dura e violenta.
Quando olhamos para os jornais, constatamos uma verdade dolorosa: o mundo sangra. Guerras continuam devastando povos e nações. Pessoas fogem da fome e da perseguição. Em nossos dias, pessoas cristãs são martirizadas em vários países. Dias atrás, o bispo primaz da Igreja Anglicana da Nigéria escreveu uma carta comovente, clamando por paz e denunciando a violência contra os cristãos daquele país.
Além disso, as Escrituras Sagradas nos recordam que a criação “geme...” (Romanos 8.22-24). E nós sentimos esse “gemido” ao nosso redor: as mudanças climáticas e suas consequências já tocam a nossa vida, nossas cidades e nossas rotinas. Atualmente eu moro ao lado da Represa Guarapiranga. É uma grande represa que abastece 4 milhões de pessoas da cidade de São Paulo e de outras cidades da Grande São Paulo, mas, durante a crise hídrica de 2014 a 2016, chegou a abastecer 6 milhões de pessoas. Todos os dias, da sala da minha casa, contemplo a sua beleza, mas vejo também a sua “dor”.
A Represa Guarapiranga, embora generosa e abastecendo milhões de pessoas da cidade de São Paulo, também carrega o peso da poluição e do descaso do poder público. A cada manhã, a represa me lembra que a Quinta Marca da Missão da Comunhão Anglicana (Salvaguardar a integridade da criação, sustentar e renovar a vida na Terra), não é teoria, é urgência. Cuidar da criação é expressão do Evangelho. É espiritualidade encarnada. É amor em forma de responsabilidade.
E, mesmo sabendo de tudo isso, eu quero celebrar o Advento e o Natal. Quero celebrar porque a vida é única. Porque a alegria é necessária. Porque a esperança é sagrada. E porque nós, pessoas discípulas de Jesus Cristo, não somos profetas da desgraça, e sim profetas e profetisas da esperança. Quero celebrar o Natal porque sei em quem eu creio (2 Timóteo 1.12).
Mas eu sei que muitos se perguntam, como eu mesmo já perguntei no silêncio e em oração: Será correto celebrar o Natal em meio a tanta dor?
E, então, lembro-me dos meus vizinhos que decoram suas casas com singelos enfeites de Natal. Lembro da ternura, do amor e dos gestos de solidariedade e generosidade de tantas pessoas da nossa Diocese.
Lembro também da música Gente Humilde, na voz de Chico Buarque:
“Tem certos dias em que eu penso em minha gente
e sinto assim todo o meu peito se apertar (...).
Peço a Deus por minha gente. É gente humilde, que vontade de chorar.”
Sim, todos nós sabemos sobre a dor do mundo. Sabemos da existência das guerras, dos desastres ambientais etc. E, ainda assim, celebramos o Advento e o Natal.
Celebramos porque sabemos que o nosso coração merece beleza. Celebramos porque entendemos que celebrar não é negar o sofrimento, é enfrentá-lo com luz. Celebrar é resistir. É esperançar. É nutrir novos sonhos. O Advento nos convida a tornar o cotidiano mais humano. A olhar de novo para o que é simples. A viver com mais presença. Com mais gratidão. Com mais gentileza. Assim, a esperança se espalha como pequenas luzes na noite do bairro onde moro, mas também nos demais bairros, cidades e em todo o mundo.
O Advento nos oferece um mês inteiro para acender luzes que empoderam, que fortalecem, que levantam. Luzes que dizem: não desistiremos de defender o que é bom. Luzes que afirmam que o amor continua valendo a pena. Luzes que anunciam que a vida é maior do que o medo. Luzes que proclamam que Cristo vem e vem para nos renovar.
Queridas irmãs, queridos irmãos, minha oração neste tempo santo de Advento é que cada paróquia, missão e ponto missionário da nossa Diocese brilhe como essas luzes humildes da periferia da cidade de São Paulo. Que brilhemos por Jesus. Que brilhemos uns pelos outros. Que brilhemos pelas nossas cidades e pelo Brasil. Que brilhemos pela criação. Que brilhemos como sinais vivos de que o Reino de Deus está próximo.
Eu também rezo e convido vocês a se juntarem a mim em oração, pedindo ao Pai das Luzes que cada casa, cada família receba paz.
Que cada família receba o Menino Jesus, Emanuel, Deus conosco, o Cristo.
Que cada coração cansado receba abrigo.
Que cada comunidade da DASP possa brilhar com coragem por Jesus, conforme cantamos. Que cada pessoa sozinha receba companhia.
Que cada pessoa aflita receba consolo.
E que nós, juntas e juntos, caminhemos nesse Advento
com serenidade, mansidão e esperança.
Brilhando juntos. Esperando juntos.
Orando juntos. Servindo juntos.
Crendo que a luz de Cristo, vence.
Sempre vence. E continuará vencendo.
Prezados colegas, minhas irmãs e meus irmãos em Cristo Jesus, do mais íntimo do meu coração desejo a cada uma e a cada um de vocês um abençoado tempo de Advento, um Santo Natal e um Ano Novo cheio de paz, saúde, sonhos e alegria, na companhia amorosa do Menino Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
+ Francisco Cézar Fernandes Alves
Bispo da Diocese Anglicana de São Paulo (DASP/IEAB)








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