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Origem e Importância da Cruz Processional



Pois a mensagem da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos é o poder de Deus” (1 Coríntios 1:18).


A cruz processional tem uma longa história e um significado profundo na liturgia cristã. Seu uso remonta aos primeiros séculos da Igreja. A procissão atrás da cruz é uma prática cristã antiga. Um dos primeiros registros do uso da cruz processional foi feito por Egéria, uma freira que viajou para Jerusalém no século III, registrando suas experiências em um diário. Ela descreve uma procissão onde todas as pessoas seguiam a cruz e o livro do Evangelho.


A Cruz Processional na Igreja Anglicana


A tradição de carregar uma cruz à frente de procissões litúrgicas pode ser rastreada até a missão de Santo Agostinho de Cantuária na Inglaterra, no século VI. Segundo o historiador venerável Beda, os primeiros missionários companheiros de Santo Agostinho de Cantuária carregavam uma cruz de prata diante deles “como um estandarte” enquanto recitavam orações e salmos. Esse uso da cruz como um símbolo processional se espalhou e se consolidou ao longo dos séculos nas igrejas e paróquias episcopais anglicanas.


Significado e Uso da Cruz Processional


Na Igreja Episcopal, a cruz processional é usada em várias celebrações litúrgicas, servindo como um símbolo visual da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte. A cruz é carregada no início das procissões litúrgicas, liderando o caminho e representando que os fiéis seguem a Cristo nosso Senhor e Salvador. Durante a procissão, a cruz é voltada na direção para a qual a procissão se move, simbolizando a liderança de Cristo e a caminhada das pessoas cristãs sob sua guia.


Durante o processional e o recessional, a cruz é carregada pelo cruciferário (LOC/IEAB pág. 694), ou um acólito(a), ministro(a) leigo(a), diácono(a) ou outra pessoa da equipe litúrgica. A cruz processional é frequentemente utilizada em várias celebrações litúrgicas, incluindo celebrações dominicais da Santa Eucaristia, procissões de Domingo de Ramos, Domingo de Páscoa, Natal, por ocasião da visita Episcopal, em celebrações de Ordenação Diaconal, Presbiteral e Consagração Episcopal etc. Em alguns casos, a cruz processional pode ser decorada com ornamentos que reforçam sua importância espiritual e histórica (ex. a Cruz processional do Arcebispo de Cantuária), ou ser uma singela cruz de madeira como a cruz primacial usada em processional pelos bispos e bispas primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.


Após ser carregada até o altar, a cruz processional pode ser colocada sobre ou próximo ao altar ou ser levada de volta à sacristia se houver uma cruz fixa no altar. Essa prática é um reflexo do respeito e veneração pela cruz como símbolo central da fé cristã.


Interpretação Teológica


Cruz processional usada pelos bispos primazes da IEAB

O uso da cruz processional também se relaciona com a interpretação teológica da encarnação e redenção. A cruz, que inicialmente era um símbolo de morte e sofrimento, foi transformada em um símbolo de vida e vitória por meio da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, ao carregar a cruz processional, as pessoas cristãs não apenas lembram da morte de Cristo, mas também celebram sua vitória sobre a morte e o pecado. “Da mesma forma que Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna. Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:14-16).


A cruz processional, com suas raízes profundas na história litúrgica e seu poderoso simbolismo, continua a ser um elemento essencial nas cerimônias litúrgicas de várias igrejas cristãs e nas Igrejas da Comunhão Anglicana. Ela não apenas conecta os fiéis à tradição histórica da Igreja Católica de Cristo, mas também serve como um lembrete visual e simbólico da liderança de Cristo e da caminhada dos cristãos e cristãs sob sua orientação.


+ Francisco Cézar Fernandes Alves,

Bispo da Diocese Anglicana de São Paulo

da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil

19° Província da Comunhão Anglicana

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