O Dom da Comunidade
- dasp.comunicacao
- 17 de jun.
- 4 min de leitura

Por ocasião da Semana das Pessoas Refugiadas e Migrantes, (a Semana das pessoas Migrantes e das pessoas Refugiadas, é celebrada anualmente entre os dias 19 e 23 de junho), compartilho com vocês um convite à oração e à reflexão.
A Equipe Difference – Rede de Líderes pela Reconciliação da Comunhão Anglicana elaborou um breve texto com o tema “O Dom da Comunidade”.
Convido todas e todos para que, durante esta semana e no próximo domingo, possamos refletir e orar — pessoalmente e de forma comunitária na Liturgia e celebração da Santa Eucaristia — em nossas paróquias, missões e pontos missionários, sobre “O Dom da Comunidade”.
Um convite... Por ocasião da Semana das Pessoas Refugiadas e Migrantes
O Dom da Comunidade
Falar sobre o Dom da Comunidade é refletir sobre a própria essência da cidade de São Paulo, deste estado que se tornou um verdadeiro mosaico humano, onde pessoas do mundo inteiro encontram abrigo, trabalho, esperança e recomeço. Nossa cidade é uma das maiores do mundo e uma das mais diversas, culturalmente rica justamente porque é casa para povos de todas as nações. Aqui vivem pessoas que chegaram buscando melhores condições de vida, fugindo de guerras, perseguições, pobreza ou simplesmente em busca de um futuro mais digno para si e suas famílias.
Nossa própria Diocese Anglicana de São Paulo carrega em sua história a marca do acolhimento e da diversidade. Muitas de nossas paróquias nasceram do encontro com imigrantes — especialmente da comunidade japonesa, que, com fé, esperança e trabalho, formaram, desde o início do século XX, comunidades de oração, serviço e cuidado. Hoje, essas comunidades se tornaram ainda mais plurais, mistas e inclusivas, compostas por pessoas da terceira, quarta geração dos imigrantes japoneses, bem como por irmãs e irmãos brasileiros e de outras nacionalidades.
Não podemos esquecer também da presença significativa da comunidade nigeriana em São Paulo, muitos dos quais são anglicanos e que encontram em nossas paróquias um espaço de fé, pertencimento, partilha e apoio espiritual e comunitário.
Portanto, refletir sobre acolhida, refúgio e hospitalidade não é algo distante — é um tema profundamente conectado com nossa missão cotidiana como Igreja, com nossa espiritualidade encarnada na realidade, e com o chamado pastoral que nos interpela como clero, lideranças leigas, paróquias e missões a sermos, cada vez mais, expressão viva do amor de Deus no mundo.
Damos início à Semana dos Refugiado (a Semana das pessoas Migrantes e das pessoas Refugiadas, é celebrada anualmente entre os dias 19 e 23 de junho), um tempo sagrado em que somos convidados e convidadas a celebrar as histórias, as contribuições e a resiliência de pessoas refugiadas e de todas aquelas que, em busca de proteção e dignidade, precisaram deixar suas terras de origem e recomeçar suas vidas em outros lugares.
O tema deste ano é profundamente inspirador: “Comunidade como Superpotência” — uma afirmação do imenso poder do cuidado, da solidariedade e da hospitalidade. É também um tributo amoroso a todos os vizinhos, comunidades de fé, organizações e grupos que, com generosidade, oferecem apoio, acolhida e esperança a quem busca reconstruir sua vida.
Na Sagrada Escritura, vemos que buscar refúgio diante do perigo faz parte até mesmo da história da infância de Jesus. No Evangelho de Mateus (2:13), somos lembrados que a Sagrada Família precisou fugir da violência e buscar proteção em outra terra. Essa experiência é compartilhada, ainda hoje, por mais de 43,7 milhões de pessoas em todo o mundo.
Como pessoas cristãs e comunidades de fé somos convidados e convidadas a abrir nossos corações com interesse, com curiosidade compassiva, ouvindo as histórias dessas pessoas, e a termos a coragem de estarmos verdadeiramente presentes em apoio às suas necessidades e sonhos.
O apóstolo Paulo, na carta aos Efésios (2:19), nos lembra com ternura que “já não somos estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus”. Este chamado ganha vida concreta nas palavras do livro de Atos (4:32-37), onde lemos sobre a comunidade cristã primitiva que, movida pelo amor, compartilhava tudo o que possuía, cuidando para que ninguém vivesse na necessidade.
A comunidade, portanto, é um dom precioso que recebemos de Deus e que somos chamados e chamadas a oferecer também a quem chega. Na carta aos Hebreus (13:1-2), lemos este convite amoroso:
“Permaneçam no amor fraterno. Não se esqueçam da hospitalidade, pois, graças a ela, algumas pessoas, sem o saberem, acolheram anjos em suas casas.”
Ser comunidade, na perspectiva da fé cristã, é viver o acolhimento radical. É saber-se constantemente acolhido e acolhida na comunhão do amor de Deus, e, por isso, responder a este amor abrindo espaço em nossos corações, igrejas e cidades para quem busca refúgio, segurança e dignidade. Assim, refletimos no mundo o coração compassivo de Deus, que é amor, hospitalidade e reconciliação.
Em comunhão oremos:
Deus de amor, bondade e misericórdia,
Tu que, em teu Filho Jesus, experimentaste a dor de não ter um lugar seguro, de ser refugiado, de não ter onde repousar a cabeça...
Olha, com tua ternura infinita, por todas as pessoas que hoje fogem do perigo, da fome, da guerra e da violência.
Abençoa e fortalece quem dedica a vida para aliviar o sofrimento dos que buscam refúgio e recomeço.
Inspira, em nossos corações, generosidade, compaixão e disposição para o cuidado e a partilha.
Guia as nações, os governos, as comunidades e todas as pessoas de boa vontade, para que caminhemos juntos e juntas na direção do teu Reino de paz, justiça, reconciliação e amor.
Por Jesus Cristo, nosso companheiro, irmão e Senhor.
Amém.
Obs: material compilado e inspirado nos recursos da Equipe Difference – Rede de Líderes pela Reconciliação da Comunhão Anglicana
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