Bispo Glauco Soares de Lima, a Bênção da Saúde e a Ordem de São Lucas, o Médico

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há 3 dias
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No dia 18 de outubro, a Igreja celebra a memória de São Lucas, o evangelista, padroeiro das médicas, dos médicos e de todas as pessoas que se dedicam ao cuidado da vida. Na tradição anglicana, esta data recorda não apenas o testemunho do médico e discípulo amado de Paulo, mas também inspira o ministério da cura — expressão do amor compassivo de Cristo, que continua a restaurar corpo, mente e espírito pela ação do Espírito Santo.

A Ordem Internacional de São Lucas, o Médico (OSL), nasceu desse mesmo impulso evangélico. Foi fundada em 1932, em San Diego, Califórnia, pelo Rev. John Gaynor Banks (1886–1953), sacerdote episcopal, e por sua esposa Ethel Tulloch Banks. Naquele tempo, o ministério de cura era pouco compreendido ou mesmo negligenciado nas igrejas. O casal Banks sonhou em restaurar esse dom apostólico ao seu devido lugar na vida cristã. Assim, a comunidade que começou como Irmandade de São Lucas tornou-se, em 1947, uma Ordem, e, em 1953, foi oficialmente incorporada como Ordem Internacional de São Lucas, o Médico (https://www.osltoday.org/about-us/).

Inspirada pelos dons do Espírito descritos em 1 Coríntios 12, a OSL compreende que o poder de cura de Cristo permanece vivo e eficaz hoje, assim como nos tempos do Evangelho. A Ordem promove a oração pela cura física, interior e espiritual, buscando a inteireza do ser humano — corpo, alma e espírito — e encorajando cada comunidade cristã a tornar-se um centro de ministério de cura e reconciliação. Atualmente, a OSL é uma fraternidade ecumênica e interdenominacional, reunindo pessoas de diferentes tradições cristãs unidas pela fé no Cristo que cura e renova a criação.

Em nossa Diocese Anglicana de São Paulo, esse carisma encontrou eco no ministério do bispo Dom Glauco Soares de Lima, que serviu com notável erudição teológica e profunda sensibilidade pastoral durante a década de 1990. Membro da Ordem de São Lucas, Dom Glauco difundiu entre nós o ministério da bênção da saúde, recordando que a Igreja é chamada não apenas a pregar, mas também a tocar, abençoar, consolar e interceder pela restauração da vida. Seu testemunho marcou gerações de clérigos, clérigas e lideranças do laicato, inspirando-nos a compreender a bênção da saúde como um gesto sacramental de amor comunitário, em que a compaixão se torna presença curadora de Jesus Cristo.

Pessoalmente, sou imensamente grato a Deus por ter tido Dom Glauco, como meu bispo. Ele foi um verdadeiro pai em Deus: acolheu-me na comunhão da Igreja, acompanhou-me pastoralmente durante o processo de formação, muitas vezes me exortou e me corrigiu com paciência e amor quando necessário. Foi paciente, generoso e profundamente humano. Recebeu-me na Igreja sabendo quem eu era plenamente, em uma época em que pessoas LGBT+ nem sempre eram acolhidas e integradas à vida eclesial. Com a oração da Igreja, ordenou-me diácono em 1995 e presbítero em 1996, apoiou meus estudos acadêmicos e foi para mim um verdadeiro amigo, colega e pastor — exemplo luminoso de bondade, sabedoria e coragem. Um sacerdote verdadeiramente católico e evangélico. Um bispo/pastor conforme o coração de Deus. (Jeremias 3.15-17)

Aprendi com o bispo Glauco que, quando o sacerdote, a presbítera, a bispa ou o bispo, em ambiente eucarístico, nos Ofícios de Oração ou em visita pastoral, impõe as mãos sobre a cabeça de uma pessoa enferma para ministrar a bênção da saúde, não o faz em nome próprio, mas em nome de Jesus Cristo, o Bom Pastor e cabeça da Igreja.

Nesse gesto sacramental, é como se as mãos de toda a Igreja estivessem unidas às dele ou dela, manifestando o amor e elevando as orações da comunidade sobre a pessoa enferma, rogando a Deus, nosso Pai-Materno, a bênção da saúde, da paz, do perdão e da cura.

É um ato comunitário, pastoral e sacramental da Igreja: a comunidade que, em fé e compaixão, impõe as mãos sobre alguém assume para com essa pessoa um compromisso de amor, cercando-a e sustentando-a com suas orações.

Em gratidão pela vida e ministério de Dom Glauco, e pela inspiração contínua da Ordem de São Lucas, rogamos a Deus que abençoe o clero, o laicato, os seminaristas e todas as comunidades da DASP, para que nossas vidas e ministérios se tornem instrumentos de bênção, saúde, reconciliação e paz — sinais do Reino de Deus que cura as feridas do mundo e renova todas as coisas em Cristo.

“Alguém de vocês está doente?

Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, estes lhe serão perdoados.

Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.”

(Tiago 5.14–16)

+ Cézar Alves

Bispo Diocesano da Diocese Anglicana de São Paulo

Oração pela bênção da saúde

“Bondoso Deus, cujo abençoado Filho Jesus Cristo não se cansou de fazer o bem e de curar as pessoas enfermas levadas à sua presença: continua, nós te suplicamos, a assistir misericordiosamente todas as que sofrem, especialmente aquelas pessoas por quem nossas orações são oferecidas.

(Guardam-se alguns momentos de silêncio para que cada qual interceda, em oração, por pessoas necessitadas da bênção da saúde.)

Alegra e cura todas as que sofrem com enfermidades físicas, mentais, emocionais ou espirituais.

Concede a todas aquelas que zelam por estas pessoas sabedoria, compreensão, simpatia e paciência, e assiste com tua bênção todas as que buscam alívio para suas dores. Mediante nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.” (Livro de Oração Comum — IEAB, p. 626–627)

“Ó Deus, que inspiraste teu servo Lucas, o médico, a manifestar no Evangelho o amor de teu Filho e o seu poder de curar; benignamente continua a revelar na tua Igreja esse mesmo amor e poder, para louvor e glória do teu Nome; por Jesus Cristo, nosso Senhor,

que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém.” (LOC/IEAB pág. 475)